MUDANÇA DE ESTILO, MESMO RESULTADO

Publicado às 01:33 desta segunda-feira, 14 de abril de 2025
(*) Pedro La Rocca

Nos últimos quatro anos, o Santos se tornou uma máquina de quebrar recordes. Dos negativos, é claro. Neste domingo, após 10 anos, o Alvinegro fica as três primeiras rodadas do Brasileirão sem uma mísera vitória - preocupante. Dessa vez a derrota foi para o Fluminense por 1x0, com gol de Samuel Xavier.

Caixinha promoveu três mudanças em relação a equipe que perdeu para o Vasco e empatou com o Bahia - aumentando também a média de idade. Chermont, Bontempo e Barreal ficaram no banco, para que Godoy, Pituca e Thaciano iniciassem o jogo.

Neymar e Soteldo foram novidades no banco de reservas. Com o baixinho foi uma irresponsabilidade, já que ele não teve transição, treinou com bola apenas uma vez na semana e sabemos do seu histórico com lesões musculares. Lesionou de novo.

O Peixe começou a partida sem um atleta formado no clube e com uma média de idade de 29.6 anos - era 27.2 nas duas partidas iniciais.

O impacto disso foi a lentidão e a falta de dinamismo que o Alvinegro teve pelo corredor central. Das 13 finalizações dos mandantes, oito foram de média/longa distância e outras duas pisando a linha da grande área. Além disso, Schmidt cometeu quatro faltas em lances que chegou atrasado no adversário.

A lentidão Santista no meio-campo era tamanha, que a primeira finalização só veio com 38 minutos. Certeira apenas aos 69, com Neymar já em campo.

Caixinha, percebendo que está pressionado no cargo, mudou a postura do time. Ficou nítido que voltando para a Baixada Santista com um ponto na bagagem seria elemento satisfatório para a comissão técnica. O time finalizou apenas quatro vezes na partida e teve 41% de posse.

Nos outros 16 jogos no ano, o time não tinha chego tão pouco assim na meta adversária e passa pela proposta de dar a bola ao Fluminense e explorar os contra-ataques. 

Mas fica inviável contra-atacar se o seu time desarmou menos que seu adversário, tendo menos posse de bola e ainda sem um jogador de velocidade em boa fase, tendo em vista que Guilherme e Verón não vivem seus melhores dias na carreira.

Tudo isso entrou na conta no gol de Samuel Xavier. Verón perdeu contra-ataque, o time Santista deixou a bola sair da esquerda e ir à direita com Arias, que livre na entrada da área, encontrou ao lado o camisa dois.

Depois que passou a usar o time principal no Paulistão não lembro de uma partida, exceção o empate com o Bahia, que Caixinha tenha feito um plano de jogo ruim, mas na grande maioria delas as escolhas feitas pelo português eram tão ruins que ele mesmo se prejudicava.

Não tinha necessidade do Verón, se tinha o Barreal para o SFC ganhar o meio-campo e deixar Neymar e Deivid livres para contra-atacar. Por que tirar Bontempo do time titular, o melhor jogador do time no Brasileiro, deixando o meio mais pesado?

Ele não tem culpa da janela do Santos ter sido incompleta, deixando-o sem um volante rápido, ou um ponta mais pronto, mas precisa encontrar alternativas e atuar (ou terminar o jogo) com três volantes era uma alternativa viável pensando.

Para quem quer Libertadores, começar o campeonato com zero vitórias em três jogos não é nada legal. Ainda mais para quem adotou discurso de longevidade no trabalho e pode interrompê-lo logo mais. Santos e Caixinha fazem o jogo da vida na quarta-feira (16). O Peixe já vê alguns adversários ficarem invisíveis a olho nu.

Neste dia 14 de abril de 2025 o clube completa 113 anos. Para festejar apenas a sua história, que é a mais bela do futebol mundial. O presente não é interessante e o futuro preocupa. Estamos falando antes - e desde janeiro - para depois não dizerem que não foi uma tragédia anunciada.

FICHA TÉCNICA
FLUMINENSE 1 X 0 SANTOS

Local: Estádio Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Árbitro: Felipe Fernandes de Lima (MG)
Cartões amarelos: Germán Cano, Bernal (Fluminense); Zé Ivaldo, Neymar, Leo Godoy (Santos)

Gol: Samuel Xavier, aos 50 do 2°T (Fluminense)

FLUMINENSE: Fábio; Samuel Xavier, Thiago Silva, Freytes e Renê; Hércules (Bernal), Lima (Keno) e Martinelli (Thiago Santos); Canobbio (PH Ganso), Jhon Arias e Germán Cano (Everaldo).
Técnico: Renato Gaúcho

SANTOS: Gabriel Brazão; Leo Godoy, Gil, Zé Ivaldo e Escobar; João Schmidt, Diego Pituca (Bontempo), Thaciano (Neymar) e Rollheiser (Soteldo (Gabriel Veron)); Guilherme e Tiquinho Soares (Deivid Washington).
Técnico: Pedro Caixinha

Neymar voltou a atuar após 43 dias
NOTAS DOS JOGADORES DO SANTOS

Brazão - Jogou os últimos 15 minutos mancando, mas não foi muito exigido. Apesar da alta posse e número de chutes, o Fluminense não exigiu tanto o goleiro Santista. - 6,0

Godoy - Quando tinha Thaciano para ajudar não comprometeu na marcação. Além disso Canobbio se juntava quase como um centroavante, então ficou com poucas responsabilidades defensivas. No segundo tempo foi uma tragédia. Lembro de pelo menos duas jogadas perigosas dos mandantes que passaram pelo camisa 29. - 3,5

Gil - Ficou duas vezes mano a mano com Cano e venceu em ambas oportunidades. Fica muito exposto. - 5,5

Zé Ivaldo - Muito bem principalmente nas coberturas. Zagueiro de mais qualidade técnica na saída de bola do time de Caixinha. - 6,0

Escobar - Tinha a árdua missão de marcar Arias, um dos melhores do Brasil na posição e terminou o jogo com sete desarmes e quatro interceptações. Só não vou dizer que foi perfeito defensivamente falando, porque o colombiano teve muita liberdade no lance do gol. - 6,5

Schmidt - Na série A nem sua boa saída de bola tem aparecido, justamente por conta da lentidão. Cometeu quatro faltas de bobeira em razão disso. - 3,5

Pituca - Taticamente não comprometeu. Tecnicamente também razoável. Sem contratações, deve ser testado como primeiro volante - é menos lento. - 5,0

Rollheiser - Novamente não foi bem. Dessa vez escalado como meia-armador por dentro. 10 perdas de posse em 49 minutos. Prefiro-o como meia-ponta, vindo da direita por dentro, porque não o vi confortável por dentro. - 4,0

Thaciano - Taticamente não há o que dizer, ajudou muito o Godoy pela direita, mas sua entrada precisa ser circunstancial, como foi no jogo contra o Bahia que o Alvinegro precisava de mais presença de área. - 4,5

Tiquinho - Ficou mais isolado que surfista de madrugada em alto mar. Tomou a decisão errada ao tentar finalização do meio-campo aos 46 minutos - poderia ter puxado o contra-ataque. - 5,0

Guilherme - Tomadas de decisão erradas e a carência no drible curto tem tirado a paciência do torcedor e leitor do BLOG. Chegou ao sexto jogo seguido sem marcar. - 4,0

Neymar - Fisicamente ainda longe do seu nível ideal, mas é o mais lúcido do time. Precisa de alguém para lhe ajudar, pois sempre será o mais caçado. Autor da demorada e única finalização ao gol do Peixe no jogo. - 5,5

Deivid - Precisa jogar mais sem bola. Seja no quesito movimentação, ou marcação. Caixinha já alertou isso e tem total razão. - 4,5

Soteldo - Jogou 30 minutos, isolado pela direita, e saiu. Fez um treino na semana apenas. Não deveria sequer ter viajado. - 5,0

Bontempo - Pouco mudou o time ofensivamente falando. A proposta era o 0x0 mesmo. Não pode ser reserva. - 5,0

Verón - Ainda está longe de se firmar. Parece em outra rotação em relação aos demais. Desperdiçou alguns contra-ataques, inclusive o que depois gerou o gol. - 3,5

(*) Pedro La Rocca - Estudante de jornalismo, repórter na Energia 97FM e no Esporte por Esporte. 

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