NÃO SE FAZ OMELETE SEM OVOS

Publicado às 00:45 deste domingo, 26 de janeiro de 2025
(*) Pedro La Rocca

Se contaramos o jogo-treino, o Santos chegou a 10 gols sofridos em 2025. Desses, oito foram de bolas aéreas. Assim o Velo Clube marcou seus dois tentos na vitória sobre o Peixe por 2x1. Daniel Amorim, marcou duas vezes para a equipe de Rio Claro, enquanto Léo Godoy diminuiu para o Alvinegro.

Caixinha mudou o time em oito posições depois da derrota no clássico contra o Palmeiras. Apenas Brazão, Rincón e Luca Meirelles permaneceram nos 11 inicial. 

O treinador relacionou nove jogadores da base, o que não acontecia desde o trabalho de Ariel Holán no Paulistão de 2021. Desses, Gabriel Bontempo fez a sua estreia no time de cima já como titular. 

Há muito tempo também não era visto o time do Santos com uma média de idade de 24.5. Em 2024, algumas escalações tinham média acima de 30 anos. Não tem como revelar desse jeito - só com medalhão.

Evidentemente que por forças do calendário proposto pela CBF para 2025 é quase impossível não rodar o time e é impossível cobrar um entrosamento ou um 11 inicial com a cara do treinador, porque se tem geralmente um dia apenas de treino no campo a cada intervalo com o elenco completo.

Além disso, como coloquei no título do texto - "não se faz omelete sem ovos". Como mostrou no próprio Bragantino, Caixinha precisa de material humano para fazer o time jogar e a diretoria fez o português iniciar a curta pré-temporada sem um jogador de 1x1 pela direita, um primeiro volante com menos de 30 anos e mais mobilidade e zagueiro com qualidade.

E não achem que as possibilidades de Verón e Eliasson mudam o patamar do time - pelo contrário. São apostas com risco elevado até demais.

Hoje na função de 10, jogou o menino Bontempo, de 19 anos que estreou como profissional. Não foi bem, é verdade, mas na base atua melhor como segundo volante e meia-ponta pela direita. Ou seja, vamos chegar na metade do estadual e o Santos ainda não tem um coordenador de jogadas.

Mas tinha gente que me jurava, inclusive de dentro do Santos, que o planejamento não estava atrasado.

Dentro das quatro linhas não vejo terra arrasada, até porque Caixinha já tenta diminuir consideravelmente a média de idade do time e dá oportunidade para Meninos da Vila, que podem render frutos técnicos e financeiros lá na frente. 

Claro que os resultados não ajudam. Desde 2008 o Peixe não fazia quatro pontos nas quatro rodadas iniciais do Paulistão, mas já vi times, como o de 23, que jogava bem menos que esse time de hoje, porém com pontuação melhor no mesmo período.

Sabe qual a semelhança? Deixaram o planejamento ficar atrasado nas duas oportunidades. 

Para não dizer que o técnico não tem culpa em nada, está ficando preocupante a situação das bolas aéreas. O Santos marca por zona e deixa os zagueiros no "miolo". Então é muito fácil para o adversário cruzar no primeiro, ou segundo pau, onde pegará um confronto mais tranquilo para si próprio.

Luisão e Luan Peres têm 1,96 e 1,88 respectivamente, tinham que encostar em Daniel Amorim nos lances dos gols, ao invés de fechar apenas a parte central da área. Foi ele que marcou o gol contra o Corinthians, dessa mesma forma. 

Volto a trazer a fala do Caixinha ainda na estreia do campeonato: "Não posso falar da cereja [Neymar, no caso], sem ter um bolo construído". Como que eu posso imaginar o craque, caso retorne mesmo, jogando livre de marcação, se atrás dele tem um meio-campo lento.

Se quiser ser competitivo, precisa de três a quatro contratações para serem titulares absolutos.

FICHA TÉCNICA
VELO CLUBE 2 X 1 SANTOS

Local: Estádio Benitão, em Rio Claro (SP)
Árbitro: Edina Alves Batista
Cartões amarelos: Gabriel Mancha, Léo Baiano (Velo Clube)

GOLS: Daniel Amorim, aos 6 e 38 do 2ºT (Velo Clube); Leo Godoy, aos 45 do 2ºT (Santos)

VELO CLUBE: Dalton; Rafael Ribeiro (Júlio Vaz), Gabriel Mancha (Itambé), Marcelo; Léo Campos, Léo Baiano (Renan Siqueira), Felipinho (Carlos Manuel) e Pedro Favela; Jefferson Nem (Sillas) e Daniel Amorim.
Técnico: Guilherme Alves

SANTOS: Gabriel Brazão; JP Chermont, Luan Peres, Luisão e Souza (Escobar); Tomás Rincón, João Schmidt (Diego Pituca) e Patrick (Patrick); Miguelito (Tiquinho Soares), Luca Meirelles e Gabriel Bontempo (Leo Godoy).
Técnico: Pedro Caixinha
Bontempo, de 19 anos, fez sua estreia como profissional

NOTAS DOS JOGADORES DO SANTOS

Brazão - Fez duas boas defesas. Poderia ter saído no segundo gol. - 5,5

Chermont - Defensivamente não comprometeu. No ataque não gostei. Poderia ter "espetado" quando Miguelito trazia a bola para dentro. É jogador de força e explosão, não de drible. Até por isso, perdeu 22 vezes a posse de bola. - 4,5

Luisão - Fez um primeiro tempo bem correto, com razoável saída de bola e cobertura, mas no segundo caiu junto com o time. Sendo o mais alto, deveria marcar individual o Daniel Amorim. - 4,5

Luan Peres - Fez o cruzamento que originou o único gol Santista na partida. Mais discreto que em outros jogos. - 4,5

Souza - Assim como Chermont, poderia ter se enfiado mais na linha ofensiva do Peixe quando Patrick vinha receber por dentro. Precisa de sequência no profissional, pois assim como outros, perde muito fácil em lances físicos. - 5,0

Rincón - Em determinado momento do jogo virava o armador do time. Isso não pode acontecer. Apesar de participativo, errou muito. Volante não pode ter 19 perdas de posse no jogo. - 4,5

Schmidt - Parece outro jogador em relação ao Paulistão do ano passado. Nem os lançamentos, que mostrava ser sua especialidade, está acertando mais. - 4,0

Bontempo - Fez a sua estreia no profissional e parece que sentiu o nervosismo. Por característica, se for jogar como coordenador, precisa de um jogo associativo e o Santos fez isso três vezes no primeiro tempo e ele foi bem. Achei que Caixinha poderia ter invertido ele com Patrick. - 5,0

Patrick - Titular do Santos que menos tocou na bola. Não tem velocidade para jogar aberto. Talvez se Caixinha tivesse formado um tripé no meio, com o camisa cinco como meia-esquerda, faria mais sentido. - 4,0

Miguelito - O mais lúcido do Santos em campo. Obrigou o goleiro Dalton a fazer sua única defesa no jogo. - 6,0

Luca - Deu dó dele em campo. Não recebe uma bola redonda. E ainda algumas que recebeu "quadrada", conseguia ajeitar. Promissor. - 5,5

Guilherme - Artilheiro do Santos em 25, esteve pouco inspirado. Em 45 minutos teve 11 perdas de posse e três cruzamentos tentados, todos errados. - 4,5

Pituca - De segundo volante não está indo bem. Ainda não se encontrou em 2025. - 4,5

Tiquinho Soares - Ainda muito cedo para dizer algo, está mal fisicamente ainda. - 5,0

Léo Godoy - Não se provou com a camisa Alvinegra. Entrou aos 15 minutos e, além do gol, pouco produziu novamente como ponta. - 4,5

Escobar - SEM NOTA
(*) Pedro La Rocca - Estudante de jornalismo, repórter na Energia 97FM e no Esporte por Esporte. 

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