ÁGUA MOLE EM PEDRA DURA...

Publicado às 02:05 desta quinta-feira, 23 de janeiro de 2025
(*) Pedro La Rocca

Chegando ao segundo jogo consecutivo sem vitória, o Santos desperdiçou a chance de estrear em clássicos no ano de forma positiva. Recebeu o Palmeiras e perdeu de 2x1. Guilherme novamente de falta marcou para o Alvinegro, enquanto Thalys e Richard Ríos marcaram os gols do adversário.

Desde 2015 o Peixe não vence o rival alviverde numa primeira fase de Campeonato Paulista.

A Vila mais famosa do mundo recebeu quase 14mil torcedores, que saíram decepcionados do estádio, quase sem força para grandes críticas, até pelo balde de água fria no final do jogo.

Caixinha novamente mesclou o time - foram quatro alterações em relação ao empate contra a Ponte. Basso, Escobar, Schmidt e Soteldo tomaram as vagas de Luan Peres (poupado), Souza, Rincón e Miguelito, respectivamente.

A manutenção de Thaciano deu certo, pois Caixinha acertou o meio-campo trazendo superioridade no setor. O Peixe começou com a pressão bem coordenada e com mais finalizações, mas nenhuma acertara o gol de Weverton.

Aos 18 minutos, Thaciano sentiu a posterior da coxa esquerda e deu vaga a Lucas Braga. A mudança matou o corredor central do Alvinegro. 

Se Thaciano não é dos mais velozes, nem dos melhores dribladores, é um jogador inteligente taticamente falando e vinha fazendo papel interessante como quarto homem. Se tornou uma situação de cobertor curto, porque Braga fez acabar a farra pela direita da defesa, mas o meio ficou descoberto.

A saída do camisa 11 coincidiu também com o cansaço da equipe Santista. Foram 70 minutos sem conseguir marcar alto.

Apesar dos 37% de posse de bola, repito que o Santos foi superior em finalizações e soube sofrer defensivamente para ir ao intervalo com vantagem. Guilherme, novamente, de falta, marcou seu quarto gol no Paulistão. 

Eu quero esquecer para sempre o segundo tempo do clássico. Apesar da curta vantagem do Peixe em posse de bola, foram 12 finalizações dos visitantes contra apenas três do time de Caixinha.

Após bola na trave de Estevão, inúmeros chutes do adversário que pararam na defesa Santista, como já diria o ditado: "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura". Thalys, de cabeça, empatou o jogo. Contando o jogo treino, são SEIS gols de cabeça sofridos em 2025. 

E o detalhe: gol originado pelo lado direito da defesa Santista. Maurício teve tempo de ler a bíblia três vezes antes de cruzar. Muito espaço deixado por Godoy.

Na sequência do gol, Caixinha coloca Luan Peres (acerto), mas junto promove a entrada de Hayner na ponta pelo segundo jogo consecutivo. Se ele tem velocidade, falta todo resto.

Aos 46 minutos, em escanteio originado novamente pela direita da defesa, o Palmeiras virou. Ríos aproveitou rebote na entrada da área para empatar.

Estou extremamente preocupado com o corredor destro do time Santista.

Se na esquerda, Escobar deixou o melhor jogador do Brasil hoje no bolso, na direita Godoy, Hayner, Braga e por pouco tempo Thaciano tomaram um baile da maioria reservas do time de Abel.

Na defesa, apenas Chermont pode dar algum alento. Apesar de não marcar maravilhosamente bem, como Escobar do outro lado, é um menino promissor, inteligente taticamente e vai bem no ataque. Godoy e Hayner nem isso demonstraram.

No ataque, Caixinha utilizou Thaciano, Lucas Braga e Hayner. A semelhança é que nenhum deles é ponta direita de origem. O ex-Bahia poderia representar uma alteração tática, mas logo saiu. Já são 20 dias de trabalho de campo no CT, e a diretoria não está nem perto de trazer um jogador para atuar pela direita do ataque.

"Pontas claramente é uma delas. Tem jogadores indo no sacrifício, ficando até o final. Deixamos de ter profundidade, criatividade e capacidade de agredir pelas pontas".

As ideias do português me parecem que são as melhores possíveis, mas algumas escolhas estão jogando contra ele próprio, como a dobra de laterais nos três jogos.

Espero que essa derrota tenha servido de aprendizado para essa diretoria, que já errou além do limite, que serão necessárias mais quatro contratações, no mínimo, se a meta for não sofrer no nacional. Tem tempo.  

FICHA TÉCNICA
SANTOS 1 X 2 PALMEIRAS

Local: Vila Belmiro, em Santos (SP)
Árbitro: Matheus Delgado Candançan
Cartões amarelos: Leo Godoy (Santos); Murilo (Palmeiras)
Público: 13.910 torcedores
Renda: R$ 686.482,50

GOLS: Guilherme (Santos), aos 35' do 1ºT; Thalys (Palmeiras), aos 22' do 2ºT; Richard Ríos (Palmeiras), aos 46' do 2ºT

SANTOS: Gabriel Brazão; Leo Godoy, João Basso (Luan Peres), Zé Ivaldo e Escobar; João Schmidt (Hayner), Diego Pituca e Soteldo; Thaciano (Lucas Braga (Tomás Rincón)), Guilherme e Luca Meirelles (Wendel Silva).
Técnico: Pedro Caixinha

PALMEIRAS: Weverton; Giay (Marcos Rocha), Naves, Murilo e Vanderlan; Fabinho (Atuesta), Richard Ríos e Mauricio (Allan); Estêvão, Felipe Anderson (Rômulo) e Thalys (Luighi).
Técnico: Abel Ferreira
Guilherme é artilheiro do Paulistão com quatro gols

NOTAS DOS JOGADORES DO SANTOS 

Brazão - Fez uma grande defesa em cima da linha no segundo tempo e não teve culpa nos gols. Água no deserto. - 6,0

Godoy - Marcou em distanciamento social. Vai sonhar com Maurício, que caiu por aquele canto na segunda etapa. - 4,0

Basso - Foi bem no quesito ganhar campo e saída de bola, mas ganhou três de oito duelos. Naquilo que se pede prioritariamente para um zagueiro, não produziu. - 4,5

Zé Ivaldo - Fez um grande primeiro tempo, mas no segundo foi muito mal. É um zagueiro rápido que pede o esquema de Caixinha, mas falhou muito no primeiro gol do adversário. - 5,0

Escobar - O melhor do Santos. Deixou Estevão "no chinelo". Foram SETE desarmes. - 7,0

Schmidt - Estava bem até o momento que o meio-campo passou a ter ele e Pituca apenas. Lento para cobertura. - 4,5

Pituca - Vou repetir o que disse nos últimos dois jogos: precisa pisar mais na área se for segundo volante. Prefiro-o de primeiro, na saída de bola, pois faz bem a cobertura. - 4,5

Thaciano - SEM NOTA

Soteldo - Logo após o gol Santista, teve a chance de ampliar, com uma grande jogada individual que realizou - mas pecou na finalização. Seria um jogador ainda melhor se finalizasse com mais precisão. - 5,5

Luca - Participou bem menos que Wendel. Estava emocionalmente nervoso - normal. Quarto jogo como profissional, segundo como titular e no principal clássico dos últimos anos. Na jogada citada de Soteldo, o guri que inicia driblando três atletas. - 5,5

Guilherme - Em determinado momento deixou Escobar na mão e Marcos Rocha deitou o cabelo nos primeiros minutos da etapa final, mas preciso ser justo que correu grande parte dos 90 minutos para ajudar. Fez mais um gol de falta - está iluminado. - 6,0

Lucas Braga - Nitidamente sem confiança. - 4,5

Wendel - Repito, foi bem mais acionado que o Luca, mas com qualidade inferior. - 4,0

Luan Peres - Fez crescer a recuperação, cobertura e saída de bola do time. Só a parte física justifica ter ido ao banco. - 5,5

Hayner - Se na lateral tem dificuldades, na ponta mais ainda. Não foi uma no fundo. - 4,0
(*) Pedro La Rocca - Estudante de jornalismo, repórter na Energia 97FM e no Esporte por Esporte. 

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