Publicado às 23h00 desta quinta-feira, 16 de abril de 2020. |
"Você foi a primeira pessoa que eu falei, abri o meu coração e disse que eu não quero mais (ser presidente do clube). Agradeço o carinho da torcida, porém, eu sei o que passei no começo dessa gestão, quando fiz um comentário que o presidente do clube não devia ter deixado o Santos para ir para a Seleção (viagem fora do país). Eu não sei se eram torcedores do clube ou de pessoas. Eu dei a minha opinião, vivemos em um país democrático e precisa existir o respeito e não me respeitaram. Isso me desanimou e foi isso sim, o principal motivo." explicou.O ex-jogador de 44 anos deu mais detalhes da decisão tomada de se afastar de qualquer gestão no alvinegro:
"Eu ainda era conselheiro do clube. Expliquei a todos e tive a coragem de dizer que apoiei um presidente que não foi correto e por ter sido eleito na chapa dele (Modesto Roma), eu saí (do conselho). Já pensou se todo mundo fizesse isso? Mas não fazem. Criticar é fácil. Vai lá e pede demissão. Entreguei a carta e saí. E não me arrependo de jeito nenhum. Hoje posso ir na arquibancada e não podem falar, nada. Vai apontar o que?" desafiou.Léo lembrou com saudades das últimas duas conquistas de Brasileiro do Peixe. O maior lateral-esquerdo da história do clube, relembrou as polêmicas da última volta olímpica do Peixe em nível nacional.
"O Levir Culpi (técnico do Athético Parananese) mandou ligar o piloto automático, e eu disse, cuidado que pode cair. Perderam para o Vasco e nós ultrapassamos eles. O Vanderlei (Luxemburgo) veio me criticar dizendo que eu não podia responder treinador. Passamos por aquele sofrimento que nosso amigo (Robinho) viveu, pênaltis não marcados. Quando tem que ser não tem jeito, era para ser e batemos campeões de novo." relembrou sobre 2004.
Léo ao lado de outros jogadores desfalcaram o Santos em um jogo importante de Taça Libertadores da América no ano seguinte. O Peixe tinha um grande time que poderia ter antecipado a terceira conquista da América. Mas o técnico Parreira o levou e pouco o utilizou:
"Eu pedi para ficar. Só joguei um jogo contra o Japão. Lamentei bastante, você lembra disso?" perguntou.
Apesar de ter marcado o gol do título que tirou o Peixe de uma fila de 44 anos a nível nacional, o dono da camisa 3 revelou que teve tardes e noites melhores que a da conquista de 2002:
"Atuação pessoal? Não foi 2002, não. Foi contra o Veléz em 2012. Dei passa para o gol ,não tinha treinado pênalti, nunca tinha batido e fiz e nos classificamos. Depois o Muricy (Ramalho) me levou para o jogo contra o São Paulo, estava chovendo e fisicamente eu não tava tão legal. Me machuquei e fiquei fora da semifinal contra o Corinthians, aqui na Vila, no primeiro jogo.", lamentou.
Faltou uma Copa no currículo? Léo acredita que tava bem em 2002, mas quando Felipão assumiu o posto de técnico as vésperas do torneiro, o ala disse que tinha consciência de que não seria chamado:
"Eu estava bem. Mas o Junior foi campeão da Libertadores com ele. Quando ele foi para a Seleção eu sabia que não ia para o Mundial no Japão e na Coréia." afirmou.
Questionado como a bola do gol mais importante que fez no clube na decisão em 2002 e de perna direita, o lateral elege o grande responsável da mesma ter parado na forquilha do rival, no último minuto:
"Seu Zito. Mandava eu ficar chutando com a perna direita no paredão. Quando cheguei na frente do gol, não teve jeito. Agradeço o Paulo Almeida que me segurou porque o que eu ia fazer, ia dar pancadaria" revelou.Léo nunca fugiu de entrevista e não fez questão de evitar polêmicas. Às vésperas do Mundial de clubes em que o Peixe perdeu para os espanhóis do Barcelona, o ala fez a seguinte afirmação. Vamos lá ver se o Barcelona é tudo isso... O ídolo santista respondeu:
"O Barcelona era isso tudo e muito mais. Disparado o time mais difícil que enfrentei na carreira. O Guardiola disse em seu livro que foi a partida perfeita sob seu comando. Uma semana antes enfiaram cinco no Real, no Bernabeau. Depois quatro na gente. Vou falar o que? Era tudo isso, sim" garantiu.
Léo chegou na Vila em 2000 e foi duas vezes campeão brasileiro - 2002 e 2004. |
"Não vai parar nunca, mas a panela fervia e agora está morna. É o que nós temos. É nossa essência revelar, não só para o clube, mas para o mundo. Nós colocamos, lapidamos e não podemos perder isso." profetizou.O eterno camisa 3 criticou a estrutura que a base do Santos tem a disposição há alguns anos:
"Precisa melhorar, principalmente na base que é o começo de tudo. Não dá para colocar a molecada para treinar naquele CT ao lado do IML - Instituto Médico Legal (na entrada da cidade de Santos)"Sobre qual era o adversário mais difícil nos dois períodos vitoriosos que atuou pelo clube - 2002 e 2010, ele não elegeu o time de Itaquera:
"A rivalidade do Corinthians é mais do torcedor. A gente tinha muito problemas com o Palmeiras." garantiu.
O lateral demora para responder quem foi o maior jogador com quem já jogou, mas após alguns segundos deu a definição para os dois raios da Vila com quem atuou:
"O Neymar é um Robinho ... Difícil dizer. Os dois foram os melhores tecnicamente que já joguei. A criatura e o criador. Dois feitos naquele CT, não do profissional e sim da base. "
Recentemente, o atleta foi eleito o melhor lateral da história mais que centenária do clube. Mas afirma não ser vaidoso e diz que deseja dividir com os demais jogadores que marcaram história. A eleição foi feita pelo DIÁRIO DO PEIXE:
"Fico muito feliz, mas sou apenas um grãozinho nisso tudo. O Santos é um clube de tantos craques. A responsabilidade é muito grande. Essa camisa é muito pesada"
Nova comparação de quem foi o melhor camisa 10 com quem jogou, mas dessa vez, Léo não teve dúvida de dizer quem foi melhor:
"Eu gosto dos dois, mas creio que o Diego é mais completo."
O jogador que marcou época em duas passagens com títulos significativos em ambas, entre elas uma Libertadores, dois Brasileiros, uma Copa do Brasil, três estaduais e uma Recopa Sul-Americana saiu em defesa do lateral Felipe Jonatan. E não concorda com as críticas que o mesmo já recebeu em rede social:
"(Críticas) Demais, demais, demais. Não consigo entender. Eu também acho (um grande jogador). Determinado, focado, não complica, marca bem. Vinha numa batida sensacional. Por isso, eu digo que é pesada a camisa do Santos."
Léo disse que o que Felipe tem sofrido, ele também sofreu. A cobrança do torcedor alvinegro:
"Quando cheguei era questionado o tempo inteiro. E depois de 2002, também. O torcedor do Santos é assim. Você tem que ter personalidade e esse menino (Felipe Jonatan) tem."
Quase no fim da entrevista disse que virou santista quando ainda morava em Campos, no Rio de Janeiro, por causa do hoje amigo G10vanni:
"Virei torcedor por causar dele, quando fazia aquelas palhaçadas de pintar o cabelo de vermelho. (risos) "
Léo também é a favor de tirar a camisa 10 de Pelé, quando o time for jogar:
"Seria uma grande homenagem. Não vai ter outro como ele eu acredito." disse.
Atualmente, Léo está iniciando outra carreira. O ex-atleta afirmou que está aprendendo:
"Tentando, começando a virar agente de jogadores profissionais.
O ídolo disse que esteve na última vez na Vila, em dezembro, na última rodada e mostrou que é pé quente, Porém disse que o Flamengo está bem a frente dos demais concorrentes no país:
"Está muito, mas pegou o Santos e sentiu. Eu estava lá. Teve muito amigo flamenguista que teve que me engolir."
Sobre Edu Dracena, o ex-jogador não negou as desavenças, mas disse que trata-se de um atleta correto e que mataria e morreria por ele no gramado:
"Já foi. Ganhei vários títulos com ele. Grande profissional. Meu problema com ele era particular e profissionalmente sensacional, não tenho que falar."
Nos últimos anos da careira, o jogador deixou a ala e foi para o meio do campo. Por que tomou essa decisão, o multi-campeão explica:
"Se eu não fosse para o meio campo eu ia para o canal 2. Não dava mais, Tem que ter a humildade de reconhecer. Várias vezes eu tomava infiltração. O Dr. Zogaib conseguiu estender mais dois anos. Joguei até os 36 anos e não dava mais. "
Qual foi o seu melhor treinador? Léo revela as brigas com o técnico Vanderlei Luxemburgo com quem foi campeão em 2004:
"Eu tive várias confusões com ele. A gente quase não se falava. Mas tá zeradíssimo. Encontrei com ele no aniversário do Marcelo Teixeira. Aprendi muito com ele. Ele com o Vasco empatou e jogou de igual para igual em 4 a 4. Foi um dos melhores treinadores que trabalhei. Estrategista, o melhor." afirmou.
Sobre as polêmicas, o jogador relembrou a última delas:
"Eu brigava mais pelo clube do que as pessoas que comandavam. Lembra de um episódio que eu disse que tinha que valorizar o Ganso? Fui multado em 80% do salário. Queria me matar. Nem o obrigado, o filho da mãe me deu. Mas fiz porque quis. Uma semana depois do que eu falei, resolveram o problema." finalizou.Apesar de ter pendurado as chuteiras em 2014, a despedida do jogador aconteceu no centenário da Vila Belmiro em 2017, onde atuou meio tempo pelo Santos e outros 45 minutos pelo Benfica.