Publicado às 12h40 desta terça-feira, 10 de novembro de 2015. |
O atacante Ricardo Oliveira deu uma entrevista EXCLUSIVA ao Blog do ADEMIR QUINTINO na última quinta-feira (5), quando atendeu meu convite e foi orador da Sessão Solene em minha cidade - Cubatão. Antes de ir a Câmara Municipal, ele deu uma entrevista de quase meia hora, e fala de tudo - de seu início, a passagem pela Europa, a tristeza por ter se contundido às vésperas da Copa do Mundo da Alemanha, em 2006, de sua volta ao Santos e a perspectiva de voltar a disputar a Libertadores, o ano que vem:
Blog do ADEMIR QUINTINO: O teu início foi no SCCP nas categorias de base e não na Portuguesa de Desportos, onde se profissionalizou, não foi isso?
Ricardo Oliveira: "Comecei tarde a minha carreira, aos 17 anos. Eu fui atrás de um clube e não por vontade própria. Foi através de um amigo, que cresceu comigo. Eu não queria, preferia brincar na comunidade, mas me convenceu e me levou, isso foi em 1997. Eu fiquei lá no Parque São Jorge por um período e onde explodiu o sonho de ser jogador profissional"
BAQ: Lá prometeram que iriam te profissionalizar após uma Copa São Paulo e não fizeram isso, não foi? Teve um diretor que disse que você era jogador pra 4a. divisão?
R.O: "O contrato profissional foi redigido, assinado, mas foi aquele famoso contrato de gaveta, eu fiquei fora da Copa São paulo de 1999, daquele time campeão contra o Vasco com um gol de Edu Gaspar. Morávamos na comunidade do Carandiru (São Paulo) e era um salário (se recebesse) que eu já conseguiria falar pra minha mãe parar de trabalhar, que sempre foi meu objetivo. Minha mãe cuidou de outros cinco filhos e eu perdi meu pai em 1988, eu tinha 8 anos de idade, eu sou o sexto, o caçula. Quando fui receber meu primeiro salário fui surpreendido que eu não estava entre os profissionais e voltei ao amador pra me informar e escutei deste diretor que eu não era jogador pra ficar lá e que meu potencial era para disputar a quarta divisão. Eu disse a ele - Vamos ver se você tem razão e o tempo coloca todas as coisas no seu devido lugar. Exatamente, um ano depois eu estreava como profissional na Portuguesa de Desportos."
O jogador vive a sua melhor temporada - já marcou 37 gols em 2015. |
BAQ: Você disse que nunca ganhou do Santos na Vila Belmiro, mas eu me recordo do dia em que o volante Lelo parou o Robinho na Vila, em 2002, mas você estava naquela partida de 19 de outubro com vitória da Lusa. Eu até procurei nos arquivos, antes dessa entrevista se minha memória estava correrta, para não te induzir a erro.
R.O: "Não lembrava disso. Lembro desse famoso jogo. Achei que tínhamos empatado. Foi minha única vitória mesmo aqui, como visitante".
BAQ: Você esta próximo de quebrar vários recordes na Vila. Qual a sensação para um jogador vivido, experiente como você, Ricardo ainda estar jogando em alto nível?
R.O.: "Isso é fantástico. Principalmente quando você tem a percepção que você é capaz de dar o retorno esperado. Voltando após 12 anos para o Santos foi como se tivesse voltando para a casa após umas férias muito longa. Eu sempre acompanhei o Santos à distância. Houve outras oportunidades em que pedi para voltar ao Santos. Bem antes de 2015. Eu estava no mundo árabe.
O camisa 9 do Santos está com a Seleção Brasileira que enfrenta a Argentina nesta quinta-feira, em Buenos Aires. |
BAQ: Quando e porque queria voltar ao Peixe?
"Vou ser sincero para você, além do meu filho que pediu, o sentimento de ter saído daqui em 2003 com aquele vice-campeonato da Libertadores da América em que eu chego com no máximo 70% das minhas condições, pois eu me lesionei no colateral medial, em seguida voltei, depois de uma terapia intensiva, bem abaixo do meu potencial, do que eu poderia produzir para o time e não consegui dar esse título. Aquela noite foi uma das piores. O Morumbi repleto de santistas e eu queria voltar pra tentar recompensar isso, já que o Santos me levou para a Europa, me proporcionou isso e tive a felicidade de vestir a camisa do Valência. Já no meu primeiro ano conquistamos dois títulos . Isso me deu muita bagagem, experiência. Quando pintou a chance de voltar e reencontrar alguns jogadores que atuaram comigo aqui, não pensei duas vezes".
Podcast do Programa "BLOG AO VIVO" que foi ar nesta segunda-feira (9) com o áudio da entrevista de R. Oliveira |
BAQ: Valeu a pena?
Valeu a pena esperar tanto tempo, fiquei quase nove meses sem jogar após retornar ao Brasil. Rejeitei algumas propostas para vir pro Santos. Eu voltei e consegui ser importante dentro do elenco, ganhar o título paulista, ser protagonista, em seguida vem o Brasileiro, nos destacamos, brigando pela artilharia, volta a vestir a camisa da seleção, isso com 35 anos. É um momento muito bom e quero que venha muito mais. Temos objetivos na temporada, a final da Copa do Brasil, só dependemos de nós pra ficarmos entre os quatro primeiros no Brasileiro, então o ano que já é bom pode ser excelente".
BAQ: Libertadores o ano que vem, dá pra sonhar ou ainda é precoce:
R.O.: "É uma possibilidade. Aliás, temos duas. A Copa do Brasil e o Brasileiro. Vamos dar o nosso melhor em busca desse sonho".
Ricardo Oliveira volta e marca contra a Venezuela pela segunda rodada das Eliminatórias de 2018 |
BAQ: Derrota e Ricardo Oliveira parecem ser antônimos. Qual a frustração na sua carreira? Foi a sua ausência no Mundial de 2006, na Alemanha?
R.O.: "Eu substituiria a palavra frustração por tristeza. Era o meu melhor momento na Europa. Fiquei entre os cinco artilheiros da Liga dos Campeões. Aí veio a lesão, e trabalhei muito forte para voltar a jogar em cinco meses e meio. Atuei 15 minutos em um domingo no Sul e na segunda-feira veio a convocação para a Copa do Mundo e fiquei de fora. O sonho de um atleta é representar o teu país em um Mundial".
BAQ: O que acontece entre o goleiro Fernando Prass e Ricardo Oliveira - Te perturba essa pergunta?
RO grita com o blogueiro ao marcar contra o Palmeiras. |
R.O.: Não me perturba em nada. Houve sim, uma provocação entre ambos no jogo de ida pelo Campeonato Brasileiro, agora no jogo da semana retrasada da volta não houve provocação da minha parte. A única coisa que eu lamento foi o chute que infelizmente eu abaixo a cabeça, eu quero devolver a bola e acerto ele. Quanto ao gol, você tava ali atrás, eu grito pra você, falo o seu nome, eu quero dividir esse momento com o Gabriel, pois mais de 80% do gol foi dele, eu faço o movimento e ele coloca a bola onde eu queria e saio fazendo aquela cara que já havia feito contra o Corinthians, o São Paulo e enfim, e em nenhum outro jogo gerou polêmica alguma, contra os outros clubes. Eu espero o Gabriel chegar em mim, faço aquele gesto de engraxar a chuteira dele para dividir esse momento, mas aí disseram que eu menosprezei, e eu sabendo que não foi nada disso. Nas redes sociais, por exemplo, é muita paixão do torcedor chateado que o time perdeu, então entendo tudo isso, mas quero deixar bem claro que não houve nenhum tipo de provocação minha com ele.
Ricardo é reconhecido não só pela torcida do Santos, como também pelos adversários. |
BAQ; Você tem um lado social maravilhoso. Quase uma unanimidade entre todas as torcidas. Outros jogadores poderiam e deveriam fazer o mesmo?
R.O.: "É um dever meu se envolver com isso. Se envolver com a sociedade, ser uma fonte de motivação para aqueles que estão vivendo uma vida difícil, desacreditada, o momento em que a Nação passa não é fácil, não é legal, e se cada um fizer um pouco de alguma forma, conseguiríamos melhorar e muito o nosso Brasil. Então, toda vez que sou solicitado, de alguma forma em uma obra social eu não me penso duas vezes. Eu me lembro da minha infância pobre quando passei fome, catei papelão na rua, pedi gorjeta nos faróis, dormi no chão em favelas. Até 20 anos morava em uma comunidade. E fica aqui o chamamento para aqueles que tem importância na mídia, poder de influência sobre as pessoas, que possamos juntos fazer a nossa parte, para que, assim como nos anos 90, quando o Ayrton Senna era vivo, o povo mesmo em outro momento delicado tinha prazer, orgulho de ver as corridas de fórmula 1, se alegrando com as vitórias do ídolo".
B.A.Q: Obrigado Ricardo por ter vindo a minha cidade - Cubatão, ter aceito o meu convite para ser o orador da sessão solene do mérito desportivo. Ficamos muito felizes. Só passo agradecer, obrigado mesmo pela gentileza.
R.O: "Eu que te agradeço pelo carinho. Os amigos são para isso, estou sempre a disposição. É um privilégio ser o orador dessa sessão solene e penso que é mais uma oportunidade de Deus mostrar a mim o quanto ele é bom,o quanto ele é leal".
Troféu ACEESP
Desculpe a insistência, mas para o meu trabalho é muito importante. A votação para o prêmio ACEESP 2015 - votação dos melhores cronistas esportivos do estado de São Paulo vai até o dia 17.
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