Nesta terça-feira (28), o Blog do ADEMIR QUINTINO publica a última de uma série de cinco entrevistas com os pré-candidatos que afirmaram que irão inscrever chapas a presidência e ao Conselho Deliberativo do Santos, marcada para 6 de dezembro. O primeiro foi Fernando Silva, o segundo Orlando Rollo, o terceiro José Carlos Peres, o quarto Modesto Roma, e finalizamos com Nabil Khaznadar - Representante da "Avança Santos".
Como já tinha dito anteriormente, uniões entre chapas estão acontecendo e a tendência é a de que vamos ter de dois a três candidatos.
Todas as entrevistas estão sem edição em seus conteúdos ou seja, publicadas em sua íntegra.
- ENTREVISTA COM NABIL KHAZNADAR, CANDIDATO A PRESIDENTE DO SANTOS FC.
Ademir Quintino: Quais as razões que levaram o senhor a ser candidato à presidência?
Nabil Khaznadar: Ademir, em primeiro lugar, tenho uma paixão enorme pelo Santos, paixão que vem desde que ainda menino vi jogar este time de branco, com um Rei no comando. Depois, tenho experiência empresarial adquirida como empreendedor, em atividades desenvolvidas desde a minha adolescência. Acredito que o clube avançou nos últimos anos, mas precisa avançar muito mais. Apesar dos erros cometidos, alguns pilares importantes foram construídos, dentro de valores corretos. Faltou uma execução melhor, mas isso não significa devolver o Peixe às mesmas mãos que quase o levaram à falência e também quase culminou na queda a segunda divisão. Ao invés de olhar o passado, temos que continuar visando o futuro. Fui eleito conselheiro pela primeira vez em 1997 e, depois de acompanhar de perto a trajetória do clube nesses anos todos, sinto que chegou a hora de dar mais ao antos. Vamos unir toda a nossa experiência para fazer o clube caminhar na direção correta. Nós do “Avança, Santos!” sonhamos grande: queremos revolucionar o futebol brasileiro e sabemos que o Santos é o clube que pode fazer isso. É o clube que pode protagonizar essa revolução, assim como a partir da década de 1950 levou a nossa seleção ao topo. Por isso, sou candidato à presidência do Santos, ao lado do vice Carlos Fonseca Filho.
AQ: Por que o associado do clube deve votar em Nabil Khaznadar e não nos demais candidatos?
NK: Vamos fazer algo que nenhuma gestão nos últimos anos conseguiu, colocar o Santos em um novo patamar. Para isso, vamos modernizar a maneira como o futebol é gerido, vamos administrar o clube como se fosse uma empresa, como fazem os melhores clubes do mundo. Para exemplificar a modernidade que defendo, vamos inovar com a criação da ‘Célula de Inteligência do Futebol’, um grupo altamente capacitado que vai atuar diretamente com os jogadores e a comissão técnica. Todo conhecimento adquirido nessa célula será de propriedade do Santos. O talento está no DNA do Santos e vamos investir em um time forte com uma gestão moderna que vai se tornar referência no futebol.
AQ: De que maneira pretende lidar com a dívida do clube?
NK: Diferentemente de outros clubes, o Santos não antecipou as cotas de transmissão dos jogos dos Campeonatos Brasileiro de 2016 e 2017. Ou seja, o futuro do time não está comprometido para pagar o passado. Mas é essencial sanar a dívida, com uma gestão transparente e honesta, para que o Santos avance e tenha um crescimento sustentável e conquiste títulos. Dívida feita tem que ser paga. Para isso, temos planos para controlar estritamente as despesas, alavancando ao mesmo tempo as receitas com um audacioso projeto de marketing. O foco estará nas categorias de base e na interação com os torcedores e associados. Teremos uma equipe capaz de dar excelência à execução dos projetos. A gestão levará em conta, permanentemente, a relação entre receita e despesa.
AQ: Caso vença as eleições, pretende reformar a Vila, construir uma Arena ou usufruir do Pacaembu?
NK: Trazer o torcedor de volta para a Vila Belmiro é um dos nossos objetivos. Temos que melhorar a infraestrutura para acolher o torcedor e criar benefícios que o incentivem a acompanhar o time. A Vila Belmiro precisa ser reformada e modernizada, o torcedor merece mais conforto e serviços de qualidade. Esta reforma está prevista nas nossas propostas e é uma das prioridades. Se eleitos, já no primeiro mês vamos realizar uma pesquisa com os sócios e torcedores para entender o que eles desejam que seja melhorado. Aliás, em 2016 será celebrado o centenário da Vila e desde já estamos preparando um programa comemorativo à altura da data, para iniciar as comemorações em outubro de 2015, quando a Vila faz 99 anos. No caso específico de novas arenas, o Santos está aprendendo com os erros dos rivais. As arenas fazem parte de uma nova realidade e já se vê o quanto os clubes sofrem e vão sofrer para fechar as contas, enquanto os torcedores reclamam dos preços cobrados na bilheteria. Com relação ao Pacaembu, nos agrada bastante termos a segunda casa do Santos nesse estádio, já que possuímos enorme torcida na capital. O importante é o clube fazer um planejamento no início do ano, para que o torcedor saiba com antecedência onde os jogos acontecerão. Dessa forma, eles poderão se programar para assistir aos jogos e teremos tempo para promover o espetáculo. Essa é uma das ações que estão inseridas em nosso projeto “Match Day”.
AQ: Li o seu plano de governo e nele prevê a criação de um departamento de Relações Institucionais. Qual a necessidade e como funcionará, caso eleito?
NK: É primordial o Santos Futebol Clube ter uma representação política forte. Vamos atuar tanto na Federação Paulista de Futebol quanto na CBF. O Santos não pode ser apenas comunicado das decisões desses órgãos, tem que ser protagonista, sugerir soluções para os principais entraves do futebol brasileiro. Precisamos ser consultados e, mais do que isso, participar ativamente das discussões. É assim que vamos atuar. Estarei cercado de profissionais competentes, e santistas roxos como eu, que virão se somar ao nosso ideal de fazer uma gestão verdadeiramente profissional no Santos. Por isso nosso plano de governo contempla a criação do Departamento de Relações Institucionais. Ele vai atuar no macro cenário, junto a governos, confederações, federações e entidades como o Bom Senso FC, além da mídia, torcedores, sócios, patrocinadores e parceiros.
AQ: Caso eleito, o Santos terá um time competitivo? Vai investir em contratações? Se sim, de que tipo?
NK: O Santos precisa sempre ter times competitivos e que briguem por todos os títulos em disputa. Vamos analisar com calma o elenco atual e a situação dos contratos de cada jogador e da comissão técnica. A definição não apenas do treinador como de todo o departamento de futebol será tomada em equipe, sempre com o objetivo de ter um Santos forte, competitivo e campeão. Vamos fazer uma aposta firme na base, mas não deixaremos de reforçar o time com contratações pontuais.
AQ: Qual sua proposta para as categorias de base?
NK: Foco total na base. A preparação e o lançamento de novos talentos estão em nosso DNA e vamos investir nisso. Nenhum outro clube no mundo revelou tantos craques como o Santos. No Brasileirão deste ano, por exemplo, dos 651 jogadores que entraram em campo na série A, 33 tiveram o Santos como o primeiro time profissional. Nesse quesito, o segundo clube aparece com 26. No entanto, investiremos nas categorias de base de um jeito novo, com metodologia e infraestrutura à altura dos Meninos da Vila. Vamos desenvolver um programa-modelo de escola para os jovens atletas, com metodologia padronizada. Vamos intensificar o intercâmbio com os clubes estrangeiros e a participação de nossas equipes menores em torneiros no exterior. Aliás, nossa base já é hoje tratada de forma exemplar. É justamente considerada a melhor do país. Alguns dos projetos que desenvolve e o aprendizado obtido devem ser transferidos para o elenco profissional.
AQ: O candidato acredita que o Santos tem poucos, muitos ou a quantidade ideal em seu quadro de funcionários? Pretende aumentar ou diminuir esse número?
NK: Olha Ademir, como conselheiro, não participei diretamente do processo de gestão do clube e não posso afirmar se a quantidade de funcionários é excessiva. No meu ponto de vista, uma gestão que possui um grande número de funcionários precisa entregar qualidade no atendimento ao sócio torcedor, e temos identificado falhas gritantes relacionadas a isso. Nossa proposta é ter uma gestão eficiente, ou seja, a quantidade de funcionários exata para entregar um atendimento de qualidade ao nosso torcedor e fazer o clube funcionar bem.
AQ: Tivemos Copa do Mundo em 2014 e as agências investiram suas publicidades no Mundial, esquecendo os clubes do páis. Em São Paulo, por exemplo, dos quatro grandes, apenas o SCCP tem patrocinador máster, Santos está sem desde dezembro de 2012. (fechou até o fim do ano com um empresa de telefonia chinesa) Como pretende resolver essa questão, caso eleito?
NK: Muitos confundem "vender patrocínio na camisa" com marketing, quando o patrocínio é, na verdade, consequência de um conjunto de atitudes e valores agregados à marca, que os parceiros podem compartilhar, quando se associam a ela. Temos que pensar muito maior. Fazer marketing é fortalecer os valores do Santos – criatividade, alegria, juventude, irreverência, gols, vitórias. Vamos ter parceiros para alavancar projetos de médio e longo prazos, cujos ideais sejam comuns à nossa administração. Vamos adotar soluções criativas na área do marketing, dos negócios ligados ao futebol e da atração de parceiros e patrocinadores. Nosso plano de governo prevê dois projetos nessa linha, como o “Santos Itinerante” e o “Meninos da Vila”. Projetos que de fato agregam valor aos patrocinadores e fazem o patrocínio master virar parte de um pacote maior. Temos gente competente envolvida no desenvolvimento dos projetos e na missão de tirá-los do papel.
AQ: Recentemente, o candidato viajou até a China. Entre outras coisas se reuniu com o zagueiro Paulo André, líder do Bom Senso. Sendo eleito, o senhor será o primeiro presidente de clube a apoiar oficialmente esta causa?
NK: Fui à China como torcedor, assistir Brasil e Argentina, e aproveitei a oportunidade para me reunir com Paulo André e outros jogadores que atualmente moram lá. Tenho uma ótima relação com o Bom Senso FC. São jogadores que estão engajados na luta pela mudança do futebol brasileiro. Ficamos todos felizes com a reciprocidade das ideias. Teremos o Bom Senso como parceiro, para assim tentar elevar o patamar do futebol brasileiro. Se eleito, vou apoiar todos os grandes movimentos de profissionalização do nosso futebol.
AQ: Nabil Khaznadar é o único nome deste pleito eleitoral que jamais exerceu função diretiva dentro do clube (incluindo o Executivo e o Conselho). O que de positivo e negativo esta alcunha lhe proporciona?
NK: Costumo dizer que as maiores alegrias da minha vida são as minhas filhas e o Santos. Nunca exerci cargo remunerado no clube. Pago religiosamente minha carteira de sócio. Desembolso passagens para ir ao Japão, a Barcelona, a Buenos Aires, a La Paz e a qualquer outra cidade em que a paixão da minha vida estiver. Fui membro da Torcida Jovem, sou torcedor de arquibancada. O fato de eu ser o único candidato a nunca ter ganhado um único tostão do clube só reforça o meu compromisso em fazer uma excelente gestão à frente do Santos Futebol Clube. Aliás, só pra lembrar, o cargo de presidente não é remunerado.
AQ: Nabil Khaznadar eleito significará a continuidade ou o continuísmo da gestão do atual presidente Odílio Rodrigues?
NK: Eu não sou situação, porque não participei diretamente da gestão atual do Santos e de nenhuma gestão anterior. Mas muitos membros da minha chapa são da situação. Existe um grupo que me apoia que está na atual gestão, que segurou o clube nos momentos mais difíceis, que queria a governabilidade do Santos. Respeitamos muito o atual presidente e todos os que doaram parte das suas vidas pelo Santos, mas eu represento uma chapa que pretende modernizar o clube. A atual administração poderia ter feito mais em termos de futebol e, sobretudo, da gestão.